Apaixonada por dança desde menina, a empreendedora Ana Maria Diniz está sempre em movimento. Mãe de quatro filhos e avó de seis netos, ela tem conseguido conciliar com sucesso o interesse pelas sapatilhas às diversas atividades que exerce no mundo empresarial.

Administradora de empresas com especialização pela Harvard Business School, ela iniciou a carreira executiva no Grupo Pão de Açúcar, à época controlado por sua família.

Foram 17 anos em várias posições nas áreas de marketing, RH e operações, além de ter fundado o Instituto Pão de Açúcar, por meio do qual conheceu o mundo da educação, desde então, outra de suas paixões.

Nos últimos 20 anos, desde que saiu do GPA, Ana Maria passou a se dedicar a seus investimentos próprios como empreendedora.

Em 2010, a dança se tornou um desses negócios, com a criação do Estúdio Anacã, que hoje tem cerca de mil alunos em duas unidades na capital paulista: uma na Av. Brasil, nos Jardins, outra no bairro do Tatuapé. Recentemente, o espaço dos Jardins foi ampliado para receber 20 novos profissionais (entre professores e equipe administrativa), e o spin-off Acauã Artes.

Além do sócio Leandro Sampaulo e da professora Heloisa Gouvea, que já acompanham Ana Maria desde o início do Anacã Danças, o time foi reforçado com a chegada do cantor, violonista e produtor musical Álvaro Carolei, que agora também integra a sociedade.

Segundo Ana Maria, a proposta é oferecer aulas de música e canto em uma estrutura com salas especiais e um método de ensino que permitirá ao aluno escolher o que e como quer aprender.

Antes vendido apenas a granel, o mel de uma cooperativa que beneficia 250 famílias foi redesenhado em uma estratégia para atender mercados exigentes e hoje está nos empórios Fasano e Santa Luzia, em São Paulo, além de ser exportado para EUA e Europa

“Serão 11 modalidades, entre violão, piano, guitarra, bateria, canto, musicalização infantil e para bebês”, disse a empreendedora ­— cuja história comprova que até quem duvida do próprio talento pode se tornar artista. “Todo mundo tem algum talento, só é preciso despertá-lo”, afirmou.

“Eu faço aulas de canto há bastante tempo. Não sou uma boa cantora, mas gosto muito de cantar e até já me apresentei. Treinei bastante para fazer bem feito”.
Ana Maria Diniz, fundadora do estúdio Anacã

Assim como ocorreu com Ana Maria, a proposta do Anacã Artes é atender uma demanda crescente de crianças, jovens e adultos por aulas de música, seja para quem quer aprimorar sua técnica ou para aqueles que, segundo ela, buscam a arte “para o equilíbrio e a cura do corpo e da alma. Estamos abertos para abrigar e despertar o talento de todos.”

Para isso, os cursos se dividem em níveis: iniciante, intermediário e avançado, em aulas individuais e em grupo, além de práticas em conjuntos, formando duetos e bandas, por exemplo.

“Nosso propósito é oferecer uma escola que vai além da qualidade dos equipamentos e sala. É uma manifestação, democrática e diversa, de um tempo de qualidade dedicado a saúde, bem-estar, cura e resgate de si mesmo”.

A dedicação às artes, contudo, não afasta Ana Maria de seus outros investimentos. Conselheira da Península Participações, empresa de investimento privado criada em 2006 por seu pai, Abílio Diniz, para gerir ativos de propriedade da família, ela ainda atua na Sykué Agro e recentemente iniciou um fundo de economia de impacto – o PolvoLab.

“O primeiro negócio que eu tive quando saí do Pão de Açúcar, em 2003, foi uma consultoria de desenvolvimento humano, a Axialent, onde ajudava a desenvolver liderança dentro das companhias”. Passados dez anos, passou a investir na área de energia renovável com a Sykué Bioenergia.

“Eu sinto que o maior impacto que eu posso fazer para o mundo é ajudar as pessoas a se desenvolverem”, afirmou. Foi essa visão que a levou a criar o movimento Todos pela Educação, área à qual ainda se dedica por meio do Instituto Península.

Renda para a base

Mas a bagagem acumulada nos anos de Pão de Açúcar, que segundo ela estava adormecida, ressurgiu com fundo de impacto social PolvoLab. “É um laboratório e uma empresa que ajuda a identificar produtos que podem ser desenvolvidos de uma forma mais profissional, chegar no mercado com melhor posicionamento de preço e assim gerar renda para quem está na base da pirâmide”.

A primeira iniciativa a dar resultado positivo é a parceria com uma cooperativa de produtores de mel com capacidade de produzir 400 toneladas por ano, beneficiando diretamente 250 famílias. Antes vendido apenas a granel, o produto ganhou marca, embalagem e certificados internacionais de pureza para chegar a prateleiras com o nome Mel Mesmo.

Hoje, é vendido nos empórios Fasano e Santa Luiza, famosos pela alta qualidade (e preço) do que oferecem. “Existe dinheiro de fomento para essas cooperativas, mas eles ainda não tinham clareza da parte financeira, do marketing, da gestão. Hoje as coisas estão superorganizadas lá”, disse Ana Maria.

“A gente não cobra nada deles, apenas uma margem sobre a venda. Nossa grande missão é colocar esse produto no mercado para valer”. Ele também já é exportado para os EUA e Europa.

Em breve, outros produtos com a assinatura PolvoLab estarão nas prateleiras. Já estão em fase de certificação, para que possam ser vendidos nacionalmente derivados de leite de cabra como queijos, requeijão e iogurte de uma cooperativa de produtores da Bahia, indicada pelo governo baiano.

“Eu quero fazer isso aqui dar certo. Tirar famílias da pobreza em um modelo sustentável de capitalismo consciente”.