18/02/2022 - 0:05
Na segunda-feira (14), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deu o mais contundente exemplo dos benefícios de uma autoridade monetária independente. “O que a gente pode comentar é o que a gente captura nos preços de mercado”, disse. “E o que tem acontecido é uma eliminação de vários preços que mostram o risco da passagem de um governo para outro. Significa que o mercado passou a ser menos receoso dessa passagem.” A tradução (quase desnecessária) é a de que o mercado não teme a troca de Jair Bolsonaro por Lula, que lidera as pesquisas à corrida presidencial de 2022. Na entrevista, feita para a jornalista Miriam Leitão, o presidente do BC não citou Lula – não precisava e nem poderia. “Não cabe fazer comentários sobre o que seria cada candidato, então a nossa interpretação é [somente] a dos preços do mercado.” Na leitura de Campos Neto, ele ainda disse que o BC independente funcionou ao mesmo tempo como causa e efeito do que pensam os principais agentes financeiros, de precificar Lula. “O BC ganhou a posição de autonomia exatamente para ter independência entre o ciclo político e os ciclos de política monetária.”
BRASÍLIA
Arthur Lira em pele de cordeiro
Praticamente qualquer integrante do Partido Liberal (PL) no Brasil é acima de tudo um estatista. Não, não leia um estadista. Sob essa realidade é preciso ler a entrevista ao Valor Econômico do presidente da Câmara, Arthur Lira (PL)-AL). De mais relevante ele afirmou três coisas: a) que Paulo Guedes deve submissão ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PL); b) em relação à PEC dos Combustíveis, Lira praticamente jogou a toalha; c) sobre o avanço das reformas, afirmou que “havia quatro, duas foram aprovadas (Previdenciária e Trabalhista)” — justamente as que atacam mais o setor produtivo e empregos privados. Quando se trata do lado de lá da força (as reformas Tributária e Administrativa), “só depois das eleições”. O que não deixa de ser boa notícia, já que o pior Congresso brasileiro pós-ditadura só faria mais lambanças.
R$ 607 MIL
Preço do aluguel que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) vai pagar para ter um escritório em… Brasília. O contrato é de cinco anos. O presidente do TJ-MG, desembargador Gilson Soares Lemes, afirmou que o local será ponto estratégico para reuniões e encontros… a 736 km de sua sede mineira. As informações são de Frederico Vasconcelos, do jornal Folha de S.Paulo.
BOLSONARO EM MOSCOU
Lambança diplomática
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Apesar da boa vontade de boa parte da mídia nacional e de formadores de opinião para mostrar que o Itamaraty está curado do surto que viveu sob a direção de Ernesto Araújo, a presença de Jair Bolsonaro em Moscou tem a indefectível evidência de disparar gatilhos que devem trazer inevitáveis reflexos econômicos. “Somos solidários à Rússia”, afirmou o presidente brasileiro em seu encontro na quarta-feira (16) com o presidente Vladimir Putin, em Moscou. Impedido pela diplomacia brazuca, ou sem coragem, ele omitiu a palavra “Ucrânia” na frase, mas nem precisava. Apesar de os principais veículos de imprensa norte-americanos e europeus ignorarem o brasileiro em suas home pages, Bolsonaro conseguiu se mostrar aliado do inimigo número 1 das maiores economias ocidentais.
“Estamos cegos à nossa própria cegueira. Não fomos desenhados para saber o quão pouco sabemos”
“Pessoas otimistas desempenham papel extraordinário em nossas vidas. Suas decisões fazem a diferença. Elas chegaram onde estão buscando desafios e assumindo riscos” DANIEL KAHNEMAN (1934) Nobel de Economia 2002
EUROPA
UE em guerra contra bolsonarismo europeu
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Mais alta corte da União Europeia (UE), o Tribunal de Justiça decidiu na quarta-feira (16) rejeitar pedidos de Hungria e Polônia que questionavam mecanismos pelos quais o bloco pode interromper fluxo de financiamento a nações que descumpram princípios do Estado de Direito. Em suma, governos antidemocráticos. Assim como os brasileiros, húngaros e poloneses elegeram governos populistas, muito à direita e extremamente conservadores nos costumes. E que atacam, cada um a seu modo, as instituições de Estado. O recado vem do jeito que sempre funciona: no bolso, com corte a dinheiro que esses países não conseguem por conta própria. Para o tribunal, “os interesses financeiros da União podem ser seriamente comprometidos por violações dos princípios do Estado de Direito cometidas em um Estado-membro”.