Desde que foi lançado, o Pix é famoso e provavelmente o método de pagamento preferido dos brasileiros. Além disso, ele também modificou e muito a forma de fazer pagamentos online, seja de produtos, serviços, e apostas. Deste modo, essa modalidade ajuda a impulsionar os inúmeros sites de apostas.

De acordo com um estudo Gmattos de Pagamento, o Pix é o meio de pagamento mais aceito pelos sites de apostas online no mercado brasileiro, setor que movimentou mais de US$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre de 2023 no país, de acordo com o Banco Central. Trata-se de uma quantia mais de oito vezes maior que a verificada no mesmo período de 2022. A estimativa é que esse volume chegue a US$ 11 bilhões até o final do ano.

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A consultoria analisou as formas de pagamento aceitas por 10 das principais casas de aposta em operação no Brasil e concluiu que o Pix é a modalidade preferida por essas empresas, com 100% de aceitação entre as casas avaliadas.

Em segundo lugar está um modo pouco conhecido no Brasil, as “wallets”, com viés de operação para intermediação de transações de games e apostas, operando no modelo de carga de valores, o qual serve tanto para efetuar um depósito como aposta quanto eventualmente no recebimento de algum prêmio ganho. Por sinal, essas wallets, a maior parte delas não locais, operam também via Pix, além de transferência e cartões em alguns casos.

A preferência pelo Pix entre os sites de apostas se justifica pelas próprias características de seu modelo de negócio. “Como regra geral, essas casas precisam confirmar a liquidez imediata do depósito feio pelo cliente, uma vez que é possível apostar em eventos que se iniciem instantes após a carga de pagamento”, explica Gastão Mattos, cofundador e diretor geral da Gmattos Consultoria. “Dessa maneira, o Pix se torna ideal nesse contexto por apresentar alta conversão, alta penetração no público-alvo e se tratar de uma transferência à vista, servindo tanto para o depósito de valores para apostar como para o recebimento de eventuais prêmios ganhos”, diz.

Em relação às demais modalidades aceitas no segmento, todas apresentam algum tipo de dificuldade. Nos casos de wallets ou cartões de crédito, por exemplo, a baixa conversão e o alto risco de fraude prejudicam tanto quem compra quanto quem vende. O problema da baixa efetividade nas transações ocorre devido ao câmbio para outra moeda ou, considerando wallets com operação no Brasil, às regras de operação de bancos e bandeiras.

Por sua vez, os boletos perdem impulso com a demora de mais de 48 horas para a confirmação do pagamento, e as transferências bancárias possuem baixa conversão por conta da necessidade de autenticação no ambiente do banco do comprador.

Meios de pagamento no comércio eletrônico

Em sua tradicional análise das modalidades de pagamento aceitas pelas principais lojas online do país, o  estudo constatou que o BNPL (“Buy Now, Pay Later”) foi o grande destaque do mês de maio deste ano, atingindo seu maior nível de aceitação no histórico, 30,5%.

Esse aumento passa pela busca, por parte dos lojistas, de alternativas para o aumento da conversão em um cenário pouco favorável de concessão de crédito. Muitas das lojas (52,6%), inclusive, oferecem crediário próprio, mais adotado no período do que a oferta do BNPL via fintechs (em 42,1% das vezes) e o parcelamento via bancos de varejo (5,3%).

Conforme era esperado, a evolução da aceitação do Pix perdeu intensidade depois que esse meio de pagamento ultrapassou os 90% de adesão. Em maio, foi mantido o patamar de março, de 93,2% – percentual próximo do teto a ser atingido pela modalidade, calculado em 96% pela consultoria, que há mais de 20 anos identifica tendências na agenda dos pagamentos online no país. Manteve-se ainda o incentivo, por parte de lojistas, para que os clientes optem pelo Pix: 31% das lojas ofereceram benefícios para a sua utilização, como descontos entre 3% e 24% ou frete grátis.

Das lojas que operam com Pix, 25% oferecem algum tipo de débito (bandeira ou banco) para pagamento, enquanto 67% trabalham com o boleto, de acordo com os dados de maio. Essas proporções têm se mantido nas últimas medições, com pequenas variações.

No geral, o débito apresentou pequena recuperação em relação a março (28,8% contra 27,1%), graças à melhora na aceitação do débito bandeira – o débito banco teve queda. Já o boleto experimentou oscilação negativa, caindo de 69,5%, em março, para 64,4%, em maio. A modalidade, que é alternativa para clientes não bancarizados ou sem cartão de crédito comprarem pela internet, tem sido em geral disponibilizada apenas para itens de menor valor com propensão para liquidação à vista.

As wallets também enfrentaram um viés de queda em maio, saindo dos 42,4% de março para 40,7% na última medição. O crédito se mantém soberano (100%) no ranking de aceitação do comércio eletrônico no país, com o parcelamento médio sem juros variando em torno de 4 a 5 vezes no período entre dezembro de 2022 e maio deste ano – com exceção da Black Friday, em que atingiu 6,4 vezes.