Pode ser que você não conheça a Endemol Shine, mas com certeza já viu alguma de suas criações, como os reality shows Big Brother, MasterChef ou No Limite. Desde 2020 a empresa faz parte do Grupo francês Banijay, considerada uma das principais produtoras independentes de TV do mundo, com faturamento de 3,2 bilhões de euros no último ano. A divisão brasileira entrou na casa das pessoas através dos reality shows e parceria com as emissoras de TV aberta, mas com a evolução do mercado, entrada de serviços de streaming e a revolução no consumo de conteúdo que as redes sociais causaram, hoje está presente em diversos tamanhos de telas e em diversas frentes, como criação de formatos, produção de programas ou licenciamento de produtos. Em 2022, a Endemol Shine Brasil realizou mais de 20 projetos de conteúdo e cresceu 10% seu faturamento. A expectativa para esse ano é crescer 20%. Para isso, a aposta está em novos modelos e na exportação. “A gente está muito focado em criar formatos nacionais que possam viajar e que possam atender o mercado, se posicionando como casa produtora criativa”, disse a CEO da Endemol Shine Brasil, Adriane (Nani) Freitas.

O crescimento da companhia está diretamente relacionado ao desenvolvimento do setor audiovisual – beneficiado com a lei que obriga parte da grade de programação da TV por assinatura ser nacional e de produtora independente – e mais recentemente pelo sucesso dos serviços de streaming. Com isso, em vez de apenas licenciar formatos desenvolvidos no exterior, a divisão brasileira passou a produzir programas próprios e de terceiros, como Casamento às Cegas Brasil, da Netflix, ou Rio Shore, da MTV.

Com as novas plataformas, veio também mais exposição, já que nos streamings muitos conteúdos são globais e a divulgação pelas redes sociais não encontra fronteiras. Essa abertura fez com que os programas brasileiros ganhassem escala e se internacionalizassem. Segundo o vice-presidente de venda de conteúdo e aquisições da Endemol Shine Brasil, Renato Martinez, antes do advento dos streamings os formatos não viajavam. “A gente consumia muita coisa, principalmente americana, mas hoje a gente consome do mundo inteiro”, disse. “A TV virou global.”

Um dos formatos que a Endemol Shine Brasil exportou foi o projeto Cabelo Pantene, que faz parte de outra vertical do grupo, responsável pela criação de conteúdos de marca. Essa frente se fortaleceu com as redes sociais e garante produtos exclusivos para os parceiros. Outro case de branded content é o reality Ilhados com Beats, criado para a Ambev em 2021. O programa foi transmitido em episódios pelo Instagram da marca e tinha Anitta como grande estrela. Em 12 horas no ar, o primeiro episódio chegou a 2 milhões de visualizações e em três dias o perfil da marca ganhou 1,3 milhão de seguidores.

Parte do sucesso da ação com a Beats é o engajamento do brasileiro com as redes sociais, o que torna a atenção com plataformas digitais fundamental para a estratégia de crescimento. Em uma verdadeira via de mão dupla, os usuários garantem resposta simultânea ao que está sendo transmitido, ao mesmo tempo que são alimentados com conteúdo exclusivo, o que garante um relacionamento mais longo com o programa, além de seu período na TV. Esses conteúdos não se limitam à reprodução ou cortes do que foi apresentado, mas procuram trazer algo novo. Segundo o vice-presidente de criação da produtora, Allan Lico, isso é uma forma de “respeito à linguagem, ao público daquela plataforma e à propriedade intelectual e a alguns elementos do formato”.

Seguindo o plano de testar novos formatos, a Endemol Shine Brasil também olha para outros gêneros – além dos reality que a consagraram – como documentários, programas de esportes e sitcoms. Já em uma estratégia de desenvolvimento de marca e de criação de legado das produções, a empresa tem uma forte atuação em licenciamento de produtos, que faz com que as marcas que possui cheguem em diversas frentes. Como a coleção de roupas de Peaky Blinders em parceria com a Reserva, ou o vinho MasterChef. Em termos de reality, a Endemol dá show.