São 75 anos cruzando os céus das Américas. E muitas turbulências enfrentadas no cenário global: crises financeiras, guerras, atentado e pandemia. Nada, porém, que impedisse a Copa Airlines de manter o plano de voo. A companhia panamenha já retomou 72 destinos dos 80 operados em 2019, antes da crise sanitária, com a previsão de alcançar os 100% até julho. E, sem perder a sustentação, continua a acelerar. O lucro líquido em 2022 chegou a US$ 348 milhões, quase dez vezes mais que os US$ 39,9 milhões do ano anterior. Uma retomada e tanto após ter contabilizado prejuízo de US$ 259,5 milhões em 2020. “Tivemos uma margem operacional de 24,7% (quarto trimestre de 2022). Nenhuma outra aérea teve acima de 20%”, disse Christophe Didier, vice-presidente de Vendas e de Distribuição da Copa Airlines. “É a empresa aérea mais rentável do mundo.”

Os resultados da última temporada animam o executivo em relação ao futuro. E o mercado americano tornou-se o foco da companhia, com 15 destinos, contra 13 em 2019. “Veio uma onda muito forte da América do Norte após a pandemia. Então estamos abrindo novos destinos [Atlanta, Austin e Baltimore].” A Colômbia é o segundo país em número de localidades (12) alcançadas, seguida pelo Brasil (seis cidades – Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo). Antes eram oito capitais (incluindo Recife e Salvador), rotas que devem ser retomadas até 2024. “Já em relação ao mercado de vendas, o Brasil supera a Colômbia e é o segundo principal no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos”, afirmou Didier. Com voos mais longos, a tarifa média é maior. “Mas a importância do Brasil em vendas tem caído.”

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“Tivemos uma margem operacional de 24,7%. A Copa Airlines é a companhia aérea mais rentável do mundo” Christophe Didier, Vice-presidente de Vendas da Copa Airlines.

A redução, segundo Didier, foi motivada por mudanças nas relações diplomáticas do Brasil com países como México e Estados Unidos. Desde agosto, os mexicanos voltaram a exigir visto para a entrada de turistas brasileiros no país, forma de coibir a imigração para os Estados Unidos. Diante disso, a queda do número de cidadãos do Brasil chegou a 60%, de acordo com a Associação de Hotéis de Cancún, Puerto Morelos e Isla Mujeres, tradicionais destinos turísticos no México. Na Copa Airlines a diminuição atingiu 50%.

A ampliação de rotas ao Brasil e para outros países passa, além da necessidade de aumento da demanda, pela entrega de aeronaves já encomendadas. A exemplo do que aconteceu com a indústria automotiva, as principais fabricantes de avião sofreram com problemas na cadeia produtiva, acarretando em atraso nas encomendas. A empresa opera atualmente 98 aeronaves da americana Boeing, número 17% inferior ao do período pré-pandêmico. São 21 modelos 737 MAX 9, 68 do 737-800, nove do 737-700 e um Boeing 737-800 cargueiro.

Na visão de Didier, a empresa foi menos prejudicada por atuar nas Américas, uma região que sofreu menos restrições em comparação a continentes como a Ásia. Aéreas que voam para o Oriente tiveram de lidar com dois desafios desde 2020: inicialmente, o vírus, que fechou a maior parte dos países. E, em segundo, a guerra na Ucrânia, a partir de fevereiro de 2022, que fez aumentar os custos de empresas em rotas, por exemplo, para o Japão, após o fechamento do espaço aéreo russo. Diante da situação, as companhias viram os custos subirem, já que o tempo de viagem dependendo do local de partida foi ampliado em quase três horas.

CAIXA A Copa Airlines tem se preparado financeiramente nos últimos anos para enfrentar qualquer adversidade, seja ela política, sanitária ou financeira. Em 2020, a saída foi reforçar o caixa com a emissão de US$ 350 milhões em debêntures conversíveis com prazo de resgate em 2025. “Sempre tivemos mais de US$ 1 bilhão no caixa. Somos uma empresa muito sólida financeiramente”, afirmou. O executivo reforça a necessidade de seriedade no setor. Lembra que muitas aéreas trabalham com margem operacional pequena e se complicam quando surge uma crise. “Você precisa ter uma margem operacional suficiente para poder sobreviver”, disse. E no que depender dele, o futuro da Copa Airlines está traçado. E sem receio de intempéries.