Apesar de nunca termos tido tanto acesso à informação como no século XXI, cientistas mostram que o cérebro humano diminuiu de tamanho e peso com o passar do tempo.  

É a conclusão a que chegou o pesquisador Jeremy DeSilva, antropólogo da Universidade de Dartmouth, ao analisar fósseis cranianos de seres humanos que viveram cerca de 3 mil anos atrás.  

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Em entrevista à BBC, ele explica que os cientistas se surpreenderam com a descoberta, já que imaginavam que a redução do cérebro do ser humano era muito mais antiga, datada de 30 mil anos atrás. O volume médio perdido neste período, de acordo com o pesquisador, é de quatro bolas de tênis de mesa.    

Cérebros diminuem conforme a sociedade avança 

Nesse período, a sociedade evoluiu em muitos aspectos. O nascimento das primeiras civilizações complexas conhecidas foi em 7.000 a.C. Entre 5 e 10 mil anos atrás, nasceu a agricultura. Nessa esteira, as civilizações foram ganhando máquinas e a arquitetura nasceu. Os especialistas começaram a se perguntar, então, como esse período de grande progresso pôde fazer com que o cérebro humano diminuísse.

Apesar de DeSilva e seus colegas terem concluído que o corpo humano também diminuiu durante esses milhares de anos, essa redução não explica totalmente a redução do tamanho do cérebro.

Uma das hipóteses levantadas foi que conforme os seres humanos foram se tornando mais sociáveis, a inteligência foi ficando cada vez mais prática e compartimentalizada com os demais.  “E se os seres humanos atingiram um limiar do crescimento populacional, em que os indivíduos estão compartilhando e exteriorizando informações nos cérebros dos demais?”, provocou DeSilva. 

A influência do surgimento da escrita 

Cerca de 2.000 anos antes do início do processo de redução do cérebro humano, nasceu a escrita, e isso pode ter sido um fator que também tenha contribuído, segundo os pesquisadores. 

Pela escrita ser uma das coisas que nos difere dos outros animais, DeSilva acredita que o seu desenvolvimento pode ter levado os seres humanos a  exteriorizar as informações e criar a capacidade de comunicar ideias tendo acesso a informações fora do nosso próprio cérebro. 

O tamanho não importa tanto 

Antes de pensar que os avanços civilizatórios  nos deixaram menos inteligentes, é preciso ter em mente que o tamanho do nosso cérebro não é a única coisa que importa. 

Um estudo de 2018, feito por um grupo de pesquisadores, analisou o UK Biobank, um vasto banco de dados biomédicos do Reino Unido que contém varreduras cerebrais e testes de QI de milhares de pessoas. 

A conclusão desse levantamento foi que a relação entre tamanho de cérebro e QI não era determinante na maioria das pessoas. 

“Existe uma história muito feia no mundo ocidental, o movimento eugênico e outras coisas baseadas nessa ideia de biodeterminismo. As correlações que relatamos não indicam nenhum tipo de biodeterminismo”, ressalta Philipp Koellinger, geneticista comportamental da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda e um dos responsáveis pelo estudo.