Por Nayara Figueiredo e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – O Ministério da Agricultura está investigando uma suspeita da doença “vaca louca” identificada no país, confirmou a pasta em nota nesta quarta-feira, embora haja chances de ser um caso atípico, onde não há contaminação, segundo uma fonte da indústria.

Questionado sobre o tema, o ministério disse em comunicado à Reuters que, como membro da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), o Brasil adota procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela instituição.

“Casos em investigação são corriqueiros dentro dos procedimentos de vigilância estabelecidos e medidas preventivas são adotadas imediatamente para garantir o controle sanitário”, informou a pasta.

Uma vez concluído o processo de análise, acrescentou o ministério, os resultados serão informados sobre a doença, conhecida também como encefalopatia espongiforme bovina (EEB).

Uma fonte ligada à indústria de carne bovina disse na condição de anonimato que a suspeita teria sido identificada em Minas Gerais, em um animal mais velho, situação semelhante à ocorrida em 2019 em Mato Grosso, quando tratava-se de um chamado “caso atípico”.

“A vaca louca é uma doença que pode surgir de forma espontânea e bem isolada. É considerado caso atípico quando não há contaminação”, disse a fonte.

Ainda segundo o interlocutor, este tipo de caso, mesmo quando confirmado, não constuma desencadear embargos pelos países compradores da proteína.

Uma excessão foi a Arábia Saudita que suspendeu por três anos, em 2012, as compras de carne bovina brasileira devido à ocorrência de um caso atípico de vaca louca.

O diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, disse que os exportadores da proteína localizados em Minas Gerais devem suspender embarques em função da suspeita da doença.

Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) preferiu não comentar até que os resultados do Ministério da Agricultura sejam divulgados.

A investigação, além disso, teve repercussão no mercado.

“Já mexeu com os preços e hoje as cotações (da arroba bovina) caíram, somando-se a um movimento de queda de preço em função do aumento de oferta”, acrescentou Torres.

Nesta quarta-feira, a arroba fechou o dia cotada a 305,50 reais, queda de 2,52% na variação diária e recuo de 3,38% em base mensal, conforme indicador do boi gordo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

 

(Por Nayara Figueiredo e Roberto Samora)

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