O ramo imobiliário nunca foi exclusividade na carreira dos empresários Raphael Guaraná e Silvana Dorta. Até quase a metade da última década, o paulistano esteve ligado à área de energia enquanto a piracicabana administrou rede de academias. Mas pensamentos parecidos a respeito da frágil relação entre clientes e empresas nos negócios levaram os amigos a fundar em 2016 a Jardins&Co. Imóveis, uma imobiliária voltada ao segmento de alto luxo em São Paulo. A intenção foi personalizar o atendimento ao consumidor durante a experiência de venda e compra. E mal sabia a dupla que em menos de sete anos a empresa se tornaria referência no mercado, com braços em Portugal e nos Estados Unidos, e um faturamento de R$ 340 milhões em 2022. “Este ano a receita deve alcançar os R$ 500 milhões”, disse o CEO.

A sede da Jardins&Co. é a mesma desde a inauguração. Um casarão na Alameda Joaquim Eugenio de Lima, nos Jardins, região que integrou, ao lado de Itaim, Vila Nova Conceição e Moema, o portfólio inicial de atuação. Desde então, novos bairros na Capital passaram a fazer parte da zona de atuação, como Pinheiros e Vila Olímpia. Em comum: imóveis com preço mínimo de R$ 3 milhões. “O tíquete médio está entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões. Mas é comum serem negociados imóveis (residenciais ou comerciais) por valores entre R$ 20 milhões e R$ 35 milhões”, afirmou ele. O recorde pertence a um prédio comercial nos Jardins, vendido por R$ 45 milhões.

Nos últimos três anos, os projetos envolveram a ampliação da área de atuação. No interior paulista, o foco está em condomínios como Haras Larissa, em Monte Mor, e Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz. Já no Litoral Norte ganham destaque Camburi, Juqueí e Maresias.

CRESCIMENTO CONTÍNUO CEO Raphael Guaraná afirma que a imobiliária tem apresentado incremento médio de 40% nos negócios a cada temporada. (Crédito:Divulgação)

A fome de negócios da Jardins&Co. avança ao mercado internacional, onde os preços médios de imóveis de luxo alcançam facilmente 1 milhão de euros, em Portugal, ou US$ 1 milhão, nos Estados Unidos. No Velho Continente a imobiliária tem uma parceria com a Christie’s International Real State, divisão de imóveis da tradicional casa de leilões britânica. O montante envolve residências em cidades como a capital Lisboa e no Porto. Também é possível encontrar imóveis de 500 mil euros a 700 mil euros em áreas mais distantes de Lisboa, mas desde que se faça concessões.

A sugestão se estende às propriedades adquiridas em solo americano. A imobiliária brasileira também tem parceria com a Christie’s para a venda de unidades na Flórida e Nova York, além de já fazer negócios em Aspen. A tradicional estância de inverno está situada no Colorado, estado onde fica Vail, integrante do projeto “destinos de neve” da Jardins&Co. As demais localidades que estão sob análise para o desenvolvimento de negócios são Courchevel, nos Alpes franceses, e Crans-Montana, na Suíça.

EM CASA De volta ao Brasil, os projetos da Jardins&Co. incluem a MAP, uma plataforma que vai reunir os imóveis exclusivos de sete imobiliárias que atuam no alto padrão na capital paulista. A intenção, de acordo com Guaraná, é melhorar a experiência de quem vende, apresentar os produtos de destaque e organizar o mercado. Juntas, essas empresas comercializaram mais de R$ 3 bilhões em 2022 – o segmento de imóveis de alto luxo movimenta R$ 10 bilhões por ano – e, hoje, representam mais de 300 produtos individual com exclusividade.

A companhia também fechou um contrato para a venda de unidades novas de oito prédios que fazem parte do portfólio da incorporadora Idea Zarvos, além dos produtos do estoque, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,3 bilhão. Além disso, a Jardins&Co. programa a incorporação de imóveis. A ideia é “juntar o pool de amigos” e buscar lançar os empreendimentos com as unidades praticamente já comercializadas. O VGV total deve ficar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões dependendo do projeto. “Já estamos olhando terrenos.”