A Rússia encerrou o acordo de exportação de grãos ucranianos, conforme informou o Kremlin nesta segunda-feira, 17: “O acordo do Mar Negro terminou de fato hoje”, disse o porta-voz. Ponto pacífico em meio ao conflito que iniciou em 2022, o fim do pacto econômico pode ter efeitos nas economias mundiais, e o Brasil não fica de fora, segundo explicam especialistas.

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“A suspensão do acordo vai trazer grandes consequências para economia global. De forma mundial, ela afeta a inflação, e isso sobrecarrega sobretudo países desenvolvidos europeus que tem uma dinâmica de integração com grãos que vinham da Ucrânia. Isso sinaliza um crescimento na questão bélica com uso dos alimentos – e com uso da fome – como estratégia de guerra”, avalia Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ.

O acordo permitiu a exportação de mais de 32 milhões de toneladas de cereais ucranianos. Até então, o país presidido por Volodymyr Zelensky era líder em exportação de sementes de girassol, milho, trigo e cevada.

A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, conforme recorda Antonio van Moorsel, estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero, interrompeu as exportações dos principais portos do Mar Negro dos ucranianos, contribuindo para o aumento nos preços globais dos alimentos.

“O anúncio da Rússia de se retirar desse acordo de grãos que permitia a Ucrânia retomar grande parte de suas exportações levanta preocupações sobre o elo crucial na cadeia global de fornecimento de alimentos, em um momento em que a inflação de alimentos vem aliviando bastante a variação dos preços, tanto aqui no Brasil como o mundo afora”, explica o economista.

No caso brasileiro, pode haver um favorecimento do agronegócio nacional. “Abre mais espaço para exportação de grãos, e é bom para agro, além da possibilidade de que isso remova alguns entraves para que o acordo entre Mercosul e União Europeia efetivamente avancem, dado que as negociações foram retomadas com o presidente Lula”, acrescenta Braga. 

Essa redução da oferta de grãos tende a impactar a inflação para cima, lá fora e aqui no Brasil, assim como aconteceu no início da guerra, em fevereiro do ano passado”, finaliza o sócio da Acqua Vero.

*Com informações do Estadão Conteúdo.