Fevereiro já começou e ainda é possível encontrar promoções no comércio. Seja pelo estoque cheio ou pela aproximação do Carnaval, o mês ainda promete campanhas de liquidação. Para o consumidor, vale ficar de olho se as ofertas são reais, principalmente em sites de e-commerce e marketplace. 

Lojas como Magalu oferecem descontos, ainda que mais baixos que em janeiro, com até 50% off, além de ofertas para Volta as Aulas. Na Americanas, mesmo com caso recente de rombo bilionário, o consumidor pode encontrar ofertas de até 70% de desconto. Para quem procura os famosos cupons da Shopee, a loja online está oferecendo ainda R$6 milhões em cupons de descontos.

As liquidações, porém, não acontecem tradicionalmente em fevereiro, conforme explica Ulysses Reis, professor de Varejo dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas. “[As ofertas] são feitas em janeiro e março. No primeiro mês, existe o que chamamos de desova de estoque, com as ‘sobras’ das vendas de Natal, onde temos ofertas no setor de eletroeletrônicos; já para quem busca preços baixos no vestuário, ficam mais acessíveis em março”, afirma o professor.  

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Porém, diz Reis, o ano de 2023 está diferente, principalmente por movimentos de comércio e indústria ainda em 2022. Desde 2014, a Black Friday aumenta vendas em novembro quando as pessoas antecipam as compras de Natal. Mas, em 2022, a data do comércio caiu junto com a Copa no ano passado, o que atrapalhou as vendas”, avalia. 

Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec RJ, também concorda com os movimentos diferentes do comércio este ano. “Alguns tipos de estoque ficaram parados, sem procura. Eletroeletrônicos e eletrônicos podem ser ‘desovados’ só agora. Ficaram com característica generalizada, com maior grau de diversificação, fora da época de troca de presentes”, explica.  

A crise de produção, que começou na China, também teve influência. “Há a falta de produtos e produção no mundo, e isso reflete aqui, encarecendo o produto com falta de matéria prima”, acrescenta Reis. 

O caso das Americanas também colocou o varejo em cheque, assim como o comércio eletrônico. “Agora em fevereiro está havendo movimento assim. Fornecedores percebem que não venderam muito e estão tentando fazer uma venda mais barata, pois tinham pouca oferta”, compara o professor da FGV. 

Para ele, algumas empresas vão fazer promoções grandes; outras, com marketplace, vão dobrar de preço. “Algumas promoções radicais, e outras com aumento de preço fingindo que são promoções. Assim, é preciso ficar de olho”, sugere o especialista. 

Assim como na Black Friday, lojistas podem acabar ‘maquiando’ preços e chamando-os de oferta ou liquidação. O serviço Pelando Check, por exemplo, pode ser um recurso para quem for atrás de preços baixos: o site mostra o valor do produto em diferentes lojas da internet e ainda indica quais foram os valores dele nos últimos 60 dias.

Outra ferramenta é o site BondFaro. O consumidor pode selecionar a categoria (Roupas, Celulares, Cama Mesa e Banho, entre outros) e ver a lista de lojas que o vendem, bem como o histórico de preço.

Comércio para a folia

Braga também considera que o Carnaval pode influenciar. “Acontece cedo, na terceira semana do mês, dependendo do tipo de produto, há um período também maior de  promoções. Outro ponto é o fluxo de Turismo no país, principalmente no litoral. Abre-se assim um tipo de demanda para outros consumos, que ficaram vetados na pandemia”. Sendo assim, além da procura por fantasias, confetes e purpurina, o movimento fica alterado com o feriado da folia.