Para desgosto do ministro Paulo Guedes, o Copom mantém sua preocupação com o arcabouço fiscal. Na decisão de ontem, Fernanda Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram por uma elevação residual de 0,25 ponto percentual.

A decisão, por maioria de 7 a 2, foi pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano, mas há no comitê quem considere necessário elevar ainda mais a taxa básica de juros.

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Entre os riscos de alta da inflação, há maior persistência das pressões globais, incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal e estímulos adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.

Por fim, o BC vê o hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho.

Por outro lado, entre os riscos de baixa, o Copom ressalta a queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local, a desaceleração da atividade global mais acentuada do que a projetada e a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.

O Banco Central atualizou seu cenário para a política monetária ao reconhecer que o ambiente externo continua adverso e instável com as seguidas revisões negativas para o crescimento das principais economias, especialmente a da China. Autoridades de vários países avançados elevam seus juros.

No Brasil, o BC vê atividade econômica com crescimento acima do esperado no segundo trimestre, mas a inflação ao consumidor, apesar da queda recente em itens mais voláteis e dos efeitos de medidas tributárias, continua elevada.

As projeções de inflação do Copom são de 5,8% (2022), 4,6% (2023) e 2,8% (2024). Os integrantes do comitê informaram que, sem prejuízo do objetivo fundamental da estabilidade de preços, manter a Selic em 13,75% ao ano implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego. No calendário do Banco Central, a próxima reunião do Copom está prevista para 25 e 26 de outubro.