Por Catarina Demony e Miguel Pereira

Uma comissão que investiga o abuso sexual infantil na Igreja Católica portuguesa disse nesta terça-feira que já reuniu mais de 400 depoimentos de supostas vítimas, mas admitiu que o número de casos reais é “muito maior”.

A comissão portuguesa começou seu trabalho em janeiro depois que um relatório na França revelou que cerca de 3 mil padres e funcionários religiosos abusaram sexualmente de mais de 200 mil crianças nos últimos 70 anos.

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A Igreja Católica Portuguesa foi abalada nas últimas semanas por vários supostos casos de encobrimento de abusos sexuais, incluindo por parte de bispos que permanecem ativos em funções na instituição.

“A ocultação é inerente aos casos de abuso sexual”, disse o membro da comissão Daniel Sampaio, um psiquiatra português. “É claro que houve ocultação pela Igreja.”

Um dos casos de maior destaque envolve José Ornelas, que é o chefe da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Os promotores públicos disseram que estão investigando Ornelas. Um professor o acusou de encobrir abusos sexuais em um orfanato em Moçambique em 2011.

De acordo com o jornal português Publico, o professor disse ter denunciado abusos sexuais por parte de dois padres italianos a Ornelas, que era então responsável pela missão. O professor afirma que Ornelas não tomou providências.

O CEP defendeu Ornelas em comunicado e disse que denunciou o caso à congregação local em Moçambique, que não encontrou indícios de abuso.

Até agora, 424 depoimentos foram validados, mas Pedro Strecht, chefe da comissão, disse que o número de vítimas foi “muito maior”, já que muitas das pessoas com quem a comissão conversou mencionaram outros conhecidos que também sofreram abusos.

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