O Banco ABC vai pagar 38,5% de seu lucro em dividendos em 2023, disse o diretor de relações com investidores da empresa Ricardo Moura em entrevista para a DINHEIRO. Ele comentou também que o pagamento de proventos ao longo de 2023 será realizado pelo formato de juros sobre o capital próprio. “Vamos manter nossa atual política, que visa gerar valor para o acionista”, afirmou.

Sobre o balanço do quarto trimestre de 2022, Moura disse que a empresa teve aumento de 106,5% nas provisões em relação ao mesmo período de 2021. “A maior parte desse aumento está relacionado a atrasos de uma certa companhia, a qual consideramos um evento isolado”, disse. Ele se referiu a Americanas, que impactou drasticamente os resultados dos bancos. O lucro líquido do quarto trimestre recuou 9,6% em relação ao terceiro, para R$ 197,3 milhões.

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Na visão do Itaú BBA, a empresa colocou apenas um terço de sua exposição em Americanas, cerca de R$ 114 milhões. Já a qualidade de crédito caiu 0,2 ponto porcentual, liderada pelo avanço 0,7 ponto porcentual nas pequenas e médias empresas.

“A cobertura caiu assim mesmo sem o efeito das Lojas Americanas. Se incorporarmos tudo, a cobertura cairia para 140% neste trimestre. Isso significa que o evento de crédito continuará pesando nas despesas de provisão ao longo de 2023”, disseram Pedro Leduc e sua equipe, que assinam o relatório. Os analistas afirmaram também que o quarto trimestre marca o fim de um ROE de dois anos de expansão para o banco.

“Os próximos capítulos provavelmente serão mais desafiadores em meio à aceleração da inadimplência corporativa, enquanto o banco provavelmente terá que reconstruir sua cobertura ao longo do ano”, disseram.

Por isso, o Itaú BBA rebaixou a ação do Banco ABC de outperform, desempenho acima da média do mercado, para marketperfom, dentro da média do mercado. Os especialistas calculam um preço-alvo de R$ 22, crescimento de 25,28% na comparação com o fechamento de quinta-feira (9).

Já o BTG Pactual disse acreditar que o Banco ABC teve um desempenho atípico entre os pares, principalmente em relação às small caps, que passaram por forte volatilidade em 2022, por causa da alta dos juros.

“A instituição financeira foi na contramão e se beneficiou da taxa Selic mais alta e da inadimplência muito baixa no segmento de atacado no último ano”, afirmaram Eduardo Rosman e sua equipe.

O BTG avalia que investir no Banco ABC é uma opção interessante, desde que o interessado considere o risco das dívidas de Americanas. A instituição calcula um preço-alvo de R$ 26, alta de 48,6%.