Os desafios fazem parte da rotina de Joyce Caseiro. Formada em medicina desde 2010, a paulistana teve de enfrentar as adversidades naturais da profissão, inicialmente no posto de emergencista em hospitais de Campinas (SP). Mas foi o diagnóstico de Alzheimer do avô que mexeu com o emocional da médica. Sem outro profissional da área de saúde na família e com dificuldade para encontrar uma casa que oferecesse tratamento humanizado ao parente, ela mudou os planos. Em 2014, investiu R$ 350 mil na abertura da primeira unidade do Terça da Serra, hoje a maior rede de residências sênior do País, com 130 unidades franqueadas e faturamento de R$ 80 milhões em 2022, crescimento de 77% na comparação anual. “Nossa expectativa é de uma receita de R$ 110 milhões em 2023”, afirmou a empresária à DINHEIRO.

Joyce se revelou assustada ao procurar uma “casa” para o avô. “Encontrei locais até muito bonitos, mas que nos bastidores não tinham nada de humanizados. Negócios extremamente frios”, disse. “Aí entendi um pouquinho do motivo de o brasileiro ter tanto preconceito com asilo.” O diferencial do Terça da Serra, segundo ela, está no portfólio de serviços oferecidos aos clientes, como fisioterapia, musicoterapia e terapia ocupacional. “Isso sem contar o atendimento 24 horas. A qualquer momento a família pode bater na porta. Convidamos, inclusive, a participar das atividades.” Central de monitoramento, câmeras nos quartos, cinema e biblioteca são outros atrativos.

“Ao procurar uma casa para o meu avô encontrei alguns locais até muito bonitos, mas que nos bastidores não tinham nada de humanizados” Joyce Caseiro sócia-fundadora. (Crédito:Divulgação)

As unidades do grupo têm 2 mil leitos no total, com uma taxa média de ocupação de 80%. A meta é fechar o ano com 3,2 mil leitos distribuídos em 160 residências. Pedro Moraes, diretor do Terça da Serra, disse que num prazo médio prazo de uns três anos “o objetivo é chegar a 7 mil, 8 mil, já levando em conta as franquias que serão inauguradas”. A expansão da rede pelo Brasil segue a pleno vapor. As franquias estão distribuídas por 22 estados, mas diante da dificuldade para encontrar espaços adequados e até do aumento do custo de construção o investimento no projeto agora parte de R$ 650 mil, por casa, com a possibilidade de alcançar R$ 1 milhão. O tamanho padrão de cada residência comporta de 24 a 35 idosos. O tíquete médio está em R$ 5,8 mil, mas o valor pode ter um incremento dependendo da região do País.

Em 2020, o Terça da Serra passou a fazer parte do Grupo SMZTO, investidores do segmento de franquias no País. E os planos de Joyce e de Pedro Moraes só cresceram. Na verdade, cruzaram as fronteiras. Com investimento de 500 mil euros, a primeira unidade internacional do Terça da Serra deve ser inaugurada em meados deste ano em Portugal e, no ano que vem, na Colômbia. No país europeu “porque já tem demanda de franqueados de lá e cultura no tema” e no vizinho sul-americano “por características semelhantes às encontradas no Brasil”, disse Joyce. “Nosso modelo se encaixa muito bem dois lugares.” Os idosos agradecem.