Uma certa euforia toma conta da equipe do governo desde que a agência de classificação de risco S&P elevou a perspectiva de nota de crédito do Brasil de estável para positiva em um aval à condição de saúde econômica do País que não se via há muito tempo.

É um passo seguro e consistente rumo à retomada do “investment grade”, um patamar conquistado pelo Brasil em 2008 — também durante um governo Lula — que aponta aos investidores, nacionais e estrangeiros, sinal verde de um caminho seguro para seus aportes.

Em qualquer projeto de envergadura das grandes multinacionais esse tipo de selo de garantia de retorno é exigido. Do mesmo modo, com ele, taxas de juros em financiamentos multilaterais tomadas no exterior são menores, as portas se abrem para empreitadas as mais diversas. É quase um nirvana ao empreendedorismo.

Naturalmente, tal conquista está longe de ser uma trilha fácil. As pré-condições exigidas pelas agências nesse sentido passam pelo que entendem ser um ambiente seguro ao capital. E por “seguro” leia-se a busca de fundamentos não apenas financeiros.

A estabilidade política e mesmo da estrutura legal também é uma exigência. O Brasil trabalha para figurar bem em todos os critérios. Após a loucura golpista do 8 de janeiro vai demonstrando um funcionamento firme das instituições e até uma certa harmonia dos poderes, em que pese as diferenças de certos personagens.

No plano macroeconômico, os indicadores e as propostas são as melhores possíveis. A queda acentuada e célere da inflação aliada a uma rearrumação das contas públicas vão contribuindo para a melhora do humor dos investidores.

Jogam a favor dessa onda o Arcabouço Fiscal em vias de aprovação e a Reforma Tributária, que já tem data para ser votada.

Não menos importante tem sido o ativo circuito de entendimentos internacionais que o presidente Lula empreendeu para reatar relações com parceiros há tempos desprezados.

Cada passo é importante na escalada da nota que abre as portas da esperança. Decerto, quanto mais se evolui na escala da classificação de risco, melhores as perspectivas de aportes que irão fazer a roda do crescimento girar no sentido certo e de maneira acelerada.

A fama de bom pagador de um País vem condicionada também a essa avaliação das agências. O Brasil está bem, mas pode melhorar.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que a perspectiva é a melhor possível e acredita que uma boa vontade do Banco Central, diminuindo a taxa Selic, é outro dos movimentos certeiros a colaborar para o intento.

O comunicado da S&P menciona medidas tomadas pelo País que vão na direção correta, inclusive a de manter um colchão de reservas superior a US$ 300 bilhões, que geram garantias de pagamento.

De uma forma ou de outra, antes mesmo de vir a público o relatório da agência, o clima de comemoração já predominava com o governo se descolando das dificuldades políticas e ajustando sua articulação com o parlamento.

Existe muito chão pela frente. De todo modo, é uma grande conquista o País ter tomado finalmente o caminho certo.